Construção civil inicia greve em Belém e obras da COP30 podem ser impactadas

Governo do Pará afirma que cronograma da conferência segue sem atrasos.

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Parque da Cidade, em Belém (PA), espaço de mais de 500 mil m² que sediará a COP30 em novembro. — Foto: Anderson Coelho/AFP

Trabalhadores da construção civil e do setor mobiliário de Belém, Ananindeua e Marituba entraram em greve nesta terça-feira (16). A paralisação, por tempo indeterminado, reúne cerca de 5 mil operários, segundo o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário (STICMB).

De acordo com a entidade, a greve afeta obras públicas e privadas, incluindo empreendimentos ligados à COP30, como hotéis, a Vila COP30 — que deve hospedar chefes de Estado durante a conferência — e o Parque da Cidade.

O governo do Pará, no entanto, informou que as obras da conferência seguem dentro do cronograma previsto e não registraram atrasos.

Os trabalhadores reivindicam reajuste salarial acima dos 5,5% propostos pelas empresas, participação nos lucros e resultados (PLR) em duas parcelas de R$ 378, melhorias nas condições de trabalho e mais oportunidades para mulheres no setor.

Outro ponto de divergência é a cesta básica. O sindicato pede R$ 270, valor distante dos R$ 120 oferecidos pela patronal e bem abaixo do cálculo do Dieese, que aponta custo médio de R$ 687,30 em Belém.

O Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Pará (Sinduscon-PA) defendeu que a proposta patronal está acima da inflação acumulada de 5,13% e representa esforço do setor diante do cenário econômico.

Além do reajuste, o pacote prevê aumento de 9% no valor da cesta básica, que passaria de R$ 110 para R$ 120. Em nota, a entidade afirmou que poderá recorrer a instrumentos legais para assegurar a continuidade das atividades caso a greve avance.

Na terça-feira, os grevistas realizaram uma passeata pelas ruas de Belém, saindo da sede do STICMB, na Travessa 9 de Janeiro. A paralisação deve continuar até que as reivindicações sejam atendidas.

Obras da COP30

O Parque da Cidade, que receberá a Blue Zone e a Green Zone da conferência, segue em fase de montagem. Já a Vila COP30, no bairro Marco, está com 89% das obras concluídas e deve ser entregue em novembro de 2025, pouco antes do início do evento.

Após a conferência, o espaço será transformado em centro administrativo do governo estadual.