Donald Trump anuncia bloqueio a petroleiros sancionados que operam na Venezuela

Medida aumenta pressão sobre Maduro e gera reação do governo venezuelano.

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Foto: AP Photo/Alex Brandon

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que determinou o bloqueio de todos os petroleiros sancionados que entram e saem da Venezuela. A medida representa uma nova escalada na pressão econômica e política contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro, em um contexto de aumento da presença militar norte-americana na região.

O anúncio foi feito na noite de terça-feira (16) por meio da rede social Truth Social, dias após forças dos Estados Unidos apreenderem um petroleiro próximo à costa venezuelana. A ação foi considerada incomum e ocorreu após o reforço de meios militares americanos no entorno do país sul-americano.

Na publicação, Trump acusou a Venezuela de utilizar recursos do petróleo para financiar o tráfico de drogas e outras atividades criminosas. O presidente norte-americano afirmou ainda que a pressão militar será ampliada até que o país “devolva” aos Estados Unidos petróleo, terras e ativos — declaração que não veio acompanhada de explicações sobre a base legal dessa reivindicação.

“A Venezuela está completamente cercada pela maior armada já reunida na história da América do Sul”, escreveu Trump. Segundo ele, a ofensiva aumentará e provocará um impacto sem precedentes, até que o governo venezuelano ceda às exigências feitas por Washington.

Em resposta, o governo da Venezuela divulgou uma nota oficial acusando Trump de violar o direito internacional, o livre comércio e o princípio da livre navegação. O comunicado classifica a ameaça como “grave e imprudente” e afirma que o presidente dos Estados Unidos age como se as riquezas venezuelanas lhe pertencessem.

“O presidente dos Estados Unidos pretende impor, de forma totalmente irracional, um suposto bloqueio naval à Venezuela com o objetivo de roubar as riquezas que pertencem à nossa nação”, diz o texto. O governo de Nicolás Maduro informou ainda que pretende levar o caso às Nações Unidas.

Operações militares e controvérsias

Nos últimos meses, forças armadas dos Estados Unidos realizaram diversos ataques a embarcações em águas internacionais no Caribe e no Pacífico Oriental. Segundo dados citados no texto original, pelo menos 95 pessoas morreram em 25 ataques conhecidos. A campanha tem sido alvo de questionamentos de parlamentares americanos, de diferentes partidos.

A administração Trump afirma que as operações têm como objetivo impedir a entrada de drogas em território norte-americano e defende que as ações estão dentro dos limites legais. No entanto, declarações recentes indicam que a ofensiva também busca enfraquecer o governo de Maduro.

Em entrevista à revista Vanity Fair, a chefe de gabinete da Casa Branca, Susie Wiles, afirmou que Trump pretende intensificar os ataques até forçar uma reação do presidente venezuelano, sinalizando um objetivo político por trás da estratégia militar.

Dependência do petróleo

A economia da Venezuela depende fortemente da produção e exportação de petróleo. O país detém as maiores reservas comprovadas do mundo e produz cerca de 1 milhão de barris por dia. A estatal PDVSA enfrenta severas restrições devido às sanções impostas pelos Estados Unidos, o que a levou a vender grande parte de sua produção com descontos no mercado internacional, especialmente para a China.

Ainda não está claro como o bloqueio aos petroleiros será efetivamente aplicado. Atualmente, a Marinha dos Estados Unidos mantém 11 navios na região, incluindo um porta-aviões e embarcações de assalto anfíbio, além de aeronaves de patrulha marítima, o que garante ampla capacidade de monitoramento do tráfego marítimo venezuelano.