Uma pesquisa recente divulgada pelos institutos Ipsos-Ipec trouxe à tona a insatisfação de mais da metade da populaçãobrasileira em relação à resposta do governo federal diante das denúncias de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Os resultados apontam que 54% dos entrevistados consideraram ruim ou péssima a maneira como a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidou com a crise resultante do escândalo.
Opiniões Discordantes na Sociedade O levantamento, realizado entre os dias 5 e 9 de junho em 132 cidades brasileiras, revelou que 43% da população responsabiliza diretamente o governo Lula pelo agravamento do esquema fraudulento no INSS, devido ao aumento significativo das irregularidades durante sua administração. Em contrapartida, 35% dos entrevistados acreditam que as fraudes tiveram início no governo anterior, de Jair Bolsonaro (PL), e só foram descobertas devido às investigações conduzidas pelo governo atual.
Os dados também apontam para uma divisão de opiniões na sociedade: 6% concordam com ambas as interpretações, enquanto 4% discordam de ambas. Além disso, 12% não quiseram opinar ou não souberam responder.
Avaliação da Atuação Governamental A pesquisa também solicitou aos participantes que avaliassem a atuação do governo no que se refere aos descontos indevidos aplicados por entidades associativas a aposentados e pensionistas. Apenas 22% consideraram a resposta como boa ou ótima, enquanto 18% a classificaram como regular, 13% como ruim e 41% como péssima.
O escândalo veio à tona em abril, quando uma operação conjunta da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU) revelou fraudes em larga escala, com desvios estimados em R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. Associações foram acusadas de inscrever beneficiários sem autorização, utilizando assinaturas falsas e cobrando mensalidades diretamente dosbenefícios previdenciários.
O impacto das denúncias resultou na demissão do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e no afastamento de diversos servidores. Seis suspeitos ligados às entidades envolvidas foram presos.
Em junho, o novo presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, anunciou que o órgão recebeu mais de 3 milhões de pedidos de revisão de cobranças indevidas, o que pode resultar em uma restituição de até R$ 2,1 bilhões, considerando a correção inflacionária.
A pesquisa Ipsos-Ipec apresenta uma margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos, com um nível de confiança de 95%.